Grupo Comunitário de Saúde Mental – 07/05/13


Acontecer. Um dos significados desse verbo é "suceder inesperadamente". Nesse sentido, no Grupo Comunitário do dia 7 de Março de 2013, algo aconteceu. Enquanto ouvia o relato de outros participantes do grupo, uma memória ressurgiu: me lembrei do encontro que tivera na noite anterior com amigos no apartamento para o qual me mudei recentemente. O pretexto da vinda era comemorar a compra do sofá e televisão para a sala, mas o verdadeiro valor revelado daquele encontro (e percebido de forma inesperada durante o grupo) fora a simples, mas rica possibilidade de receber os amigos na minha casa nova.
Enquanto narrava a minha história e a nova percepção adquirida naquele momento, outros participantes do grupo também reavivaram algumas memórias (recentes ou já antigas até) e puderam ressignificá-las. E outros se seguiram a eles, numa reação em cadeia movida pela espontaneidade.
Ao olhar para algo já vivido e poder vê-lo de uma forma nova, senti felicidade, alívio, revelação. Assistir aos outros fazendo o mesmo, potencializou essa sensação e eu fui arrebatada por aquela experiência. Arrebatada mesmo, como se tivesse tido os meus pés tirados do chão, levados por um vento forte e fresco, que soprou a poeira dos meus sentimentos e refrescou a minha mente. Nesta hora, me lembrei de uma música de Dario Marianelli para o clássico Orgulho e Preconceito.


A cena em que ela é tocada representa o momento em que a heroína percebe um novo significado para o comportamento do mocinho e a partir do qual ela muda as suas atitudes, e com isso, o final da história.
Essa música para mim ilustra a sensação de ser arrebatado pelo inesperado, representa o abrir dos olhos para enxergar de uma forma nova algo que já estava ali. Momentos como esse se tornaram mais frequentes desde que comecei a frequentar o Grupo Comunitário, acontecendo não só dentro do grupo, mas me surpreendendo nas mais diversas situações. Eles me permitem reviver e reinventar. E me enriquecem ainda mais, quando é possível compartilhá-los com outras pessoas, e viver e aprender também a partir de suas experiências.


--Marília