Grupo Comunitário do dia 28 de Fevereiro de 2012


Encontro do dia 28 de fevereiro

Grupo Comunitário de Saúde Mental● terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

 

Hoje no grupo, logo no início, fomos alertados para o quanto o encontro com alguém pode nos ajudar a descobrir algo novo, algo que pode, até mesmo, ter estado sempre do nosso lado, mas que não percebemos. O coordenador nos conta da experiência que teve, minutos antes do início do grupo, ao conversar com uma pessoa e notou o bairro que pode ser avistado da janela do hospital: “E numa conversa despretensiosa eu fui apresentado pra um lugar que tava na minha cara todos os dias e que eu nunca tinha parado pra ver ... para prestar atenção”.

Em nossa primeira atividade, onde buscamos perceber “A Vida Acontecendo” com a ajuda de músicas, poemas e filmes as contribuições foram numerosas. Uma das participantes trouxe um texto que falava sobre Deus, ela comenta: “Eu gosto muito de ler a Bíblia e ouvir música evangélica, por isso que me alivia”. Ouvimos a música que uma participante trouxe na semana passada e o trecho “E mesmo se você perder a si mesmo e não souber o que fazer a lembrança do amor vai te acompanhar”. Em seguida, a lembrança da cena de um filme: o momento em que um dos personagens principais decide se reconciliar com a esposa: “Na hora que ele redescobriu o que era ficar encantado com uma moça, na hora que ele lembrou como era bom ficar encantado com uma mulher, aí ele quis voltar pra casa, voltar para sua esposa”.

Ouvimos ainda, mais três músicas, uma era de uma banda de rock dos anos 80 trazida por uma participante que havia se identificado com a letra. Após ouvirmos a música, um dos participantes comentou: “Eu achei curioso escutar essa música porque ela me lembrou um pouco da trajetória que é sair de casa (...). E a hora que fala ‘eu nunca mais encontrei minha casa’, me lembrou não de um jeito triste, de um jeito feliz, da casa de onde eu saí pra fazer faculdade, minha família já não mora mais lá, já mudaram de cidade, estão em outro lugar”. Outro participante contribuiu: “Muitas vezes a gente não tem mais a casa pra voltar, o tempo não vai voltar, mas é interessante como as lembranças dão essa segurança pra gente continuar”.

A segunda música tocada falava sobre o fim do carnaval o participante que a trouxe disse: “Escutando essa música a gente percebe que dá pra fazer do resto do ano um pouco de carnaval, se a gente conseguir prestar atenção no que tem de azul ali (...). Ser responsável por colocar um pouco de alegria na rotina.

 


 

 

A última música que ouvimos, era um presente que uma das participantes tinha ganhado de outra pessoa do grupo. “Um dia ela trouxe essa música do padre Rossi, ela colocou essa música. Aí eu falei assim, muito bonita, né, e ela falou, olha eu vou fazer um cd e vou te dar. Aí ela me deu e aí eu trouxe pra ouvir hoje”.

 

 

 


 


Uma participante trouxe, ainda, um poema falando da importância de sorrir, depois de ler o texto ela nos contou que havia aprendido a sorrir. Outra participante nos mostra as fotos do carnaval com sua família. “Eu trouxe as fotos pra mostrar porque eu acho que tudo começou aqui, no grupo antes do carnaval a partir da ideia que trouxeram de ver o carnaval como um momento de ser alegre”. Ela nos contou que essa ideia fez com que ela mudasse os seus planos e resolvesse visitar a família ao invés de ficar sozinha em casa, pensando que o carnaval seria chato. “Ele trouxe essa ideia de um jeito que contagiou que eu consegui levar essa alegria, eu levei isso pra casa (...) a sementinha pra isso tudo brotar foi aqui no grupo. O que a gente fala aqui, às vezes, tem um poder que vai muito além do que acontece aqui”. Ouvindo isso, um participante falou, se referindo à música tocada: “Se você não tivesse esse cliquezinho poderia ter sido uma quarta-feira de cinza na segunda, na terça...”


Na segunda atividade, os depoimentos sobre os momentos em que percebemos a vida acontecendo, surge a história do médico atendendo uma mãe que estava desanimada com o filho doente. O vídeo que ele havia visto sobre a obra de Gaudí, uma igreja em construção há mais de cinquenta anos e ainda inacabada, fez com que ele percebesse o que ela estava contando de outro jeito. “Esse novo arquiteto (...) disse: a obra da igreja estava inacabada, mas a vida dele não porque a construção da igreja era o instrumento para que o Gaudí construísse a vida dele”. Inspirado por essa mensagem ele concluiu sobre a mãe: “Ela tava vendo a vida dela como uma obra inacabada, eu faço, faço e não muda nada porque o filho continua doente. Porém a vida dela estava cheia de realização porque a vida dela tá acontecendo quando ela tá cuidando do filho...”

Outra participante contou, emocionada, a carta que recebeu do filho no dia do aniversário do seu casamento. O filho escreveu: “Desde que eu cheguei aqui, eu comecei a aprender a amar vocês (...”). Ela explica que foi uma carta emocionante: “Foi assim muito precioso que a gente não esperava uma coisa dessa porque ele é difícil de verbalizar sentimento e aqui ele aprendeu isso”.

Quase no fim do grupo, uma participante pediu para compartilhar algo que, segundo ela, não poderia deixar de falar. Ela nos contou, então, sobre o seu trajeto para chegar no grupo, tendo que passar por um pedágio sem dinheiro e sobre o “sinal” que teve para prosseguir. “Começou a tocar no rádio, uma coisa que é rara acontecer, uma música do Milton Nascimento, aí eu falei: ‘Opa, vou entrar nessa cidade aqui e procurar um banco (para pegar dinheiro para o pedágio) e aí eu logo achei rápido, dei de cara e vim. E eu tô muito feliz de estar aqui, hoje a vida aconteceu pra mim com todos esses mistérios.”

Finalizando o encontro de hoje, o coordenador recordou a fala de um professor quando visitou o grupo certa vez: “Não é todo dia que a gente encontra a vida oferecida assim, de graça.” e complementou: “O que nutre o grupo não somos nós, o que nutre o grupo é a vida acontecendo. A gente se vale de aprender uma atitude de simplicidade para perceber tudo isso.”

Marília Hormanez

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Hoje acordei muito animada para ir ao grupo, estava ansiosa para chegar lá e mostrar a todos minha alegria. Queria muito agrader-lhes por me ajudarem a voltar a sonhar num momento em que sozinha eu não estava conseguindo...

O grupo começou com nosso coordenador nos convidando para estar atentos para as descobertas que podemos fazer através das músicas, poesias e textos. Ele nos lembra da importância dessas descobertas que nos ajudam a ver a vida acontecendo: “Não queremos viver de uma maneira estúpida, não queremos nos desesperar com a idéia da morte por ver que na verdade não vivemos”.

Uma participante então lê um texto bíblico falando sobre o amor de Jesus pela humanidade e nos fala da importância de sua fé em sua vida. Outra participante leva a música “Talvez o amor” e lê novamete sua tradução. A música nos fala sobre a lembrança do amor sempre presente mesmo quando parecemos perdidos. Ao ouvir isso nosso coordenador nos fala de uma cena do filme “Antes de Partir”, na qual um dos personagem ao se deparar com lembrança do amor redescobre como era bom ter alguém com quem compartilhar, alguém a quem amar e consegue então resgatar o desejo de retornar para casa. Outra participante nos fala emocionada sobre a “sua lembrança do amor”. Ela nos diz que se casou com aquela música, fala de como conheceu seu marido e de ainda estarem juntos tanto tempo depois, parecendo se dar conta naquele momento da preciosidade de tudo aquilo que contava.

Em seguida outra participante traz a música “Um pequeno imprevisto” e fala sobre a importância dessa música na sua vida, por lembrar lhe sua infância, e por se identificar com a música devido ao seu desejo de controlar a vida tentando não sofrer, sem perceber que não existe controle e que quando menos esperamos simplesmente percebemos tudo diferente. Nesse momento me percebi assustada e ao mesmo tempo encantada com a descoberta de como aquela música fazia sentido pra mim. Como eu tinha tentado a vida todo conter o que eu sentia, evitar a mudança por medo da dor, da saudade do que ficava pra traz, sem perceber que a vida flui sempre e só a mudança é permanente. Me percebi então, tão nostálgica lembrando das mudanças da minha vida... Nesse momento outro participante fala de como a música o fez lembrar das mudanças de sua vida, de quando saiu de casa para estudar, da casa antiga que ficou pra traz quando seus pais também se mudaram, dos primeiros dias em Ribeirão Preto iniciando sua faculdade, levando trote na rua... Mas diferentemente de mim, ele fala dessas mudanças com alegria, fala da saudade gostosa de tudo que pôde ser vivido e da satisfação por ter chegado onde está, trazido até aqui por essas mudanças. Através dessa fala ele me apresenta uma nova maneira de olhar pra essas mudanças que sempre me assustaram. Me ajuda a tentar ver a beleza dessas mudanças que nos levam sempre adiante, ao invés de vê-las apenas levando embora o que eu tanto prezava. Outro participante amplia essa idéia falando sobre a permanência de tudo dentro de nós, apesar das mudanças pois temos sempre nossas lembranças, “as lembranças de amor” que nos ajudam a nos reencontrarmos quando estamos perdidos.


 

Outro participante traz a música “ Marcha da quarta de cinzas”, ele nos fala que como aquele era o primeiro grupo após carnaval ficou pensando que assim como diz a música, como seria bom se a alegria do carnaval pudesse se manter viva.


 
Ao ouvi-lo falar sobre a alegria do carnaval, comecei a contar como meu carnaval tinha sido realmente alegre graças a eles. Falei sobre o privilégio de fazer parte de um grupo tão vivo a ponto de me contagiar de forma tão intensa que tornou-se possível carregar aquela motivação e passá-la adiante, construindo algo inédito : “Eu pude sonhar com a minha família, fizemos camisetas...criamos nosso bloco, fomos pra praça e vivemos a alegria do carnaval. Meus pais pela primeira vez na vida foram para um carnaval...Éramos os alegrões, porque a vida é preciosa..

Lembro-me de um momento em que em meio a todos na praça vi meu irmão de costas com a camiseta com a escrita: “ porque a vida é preciosa”, e nesse momento senti um orgulho imenso do nosso bloco...da minha família que abraçou aquela idéia e pode se entregar...do nosso grupo que me ajudou a viver dias tão especiais com pessoas tão especiais pra mim”. Agradeci ao grupo e me percebi muito feliz por estar ali, por fazer parte de um projeto tão único, tão especial, por ver que ali cabia minha alegria, minha emoção... por ver os outros se emocionarem comigo...por poder sentir a vida juntos. Pra mim isto é “a vida acontecendo”.

Nosso coordenador nos fala então sobre como perceber a vida acontecendo nos mobiliza. Ele nos conta também sobre a paciente que ao perceber que sua vida acontecia em cada cuidado com seu filho passa a ver esses cuidados como algo com sentido, assim como o arquiteto que construia a “Sagrada Família” e morreu sem acabá-la podia ver essa como uma obra inacabada ou como A Obra de sua vida...

Encerramos o grupo com nosso coordenador nos falando sobre como a vida nutre o grupo e que essa é a nossa sorte.

Josiane Caetano Fontes

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