Encontro de 14 de fevereiro
Grupo
Comunitário de Saúde Mental● terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
Ali
foi COMPARTILHADO, TROCADO e FALADO...
Foi
falado de amor... ...com a música ´´Perhaps love´
Talvez o Amor
Talvez o amor
seja como um local de descanso, um abrigo da tempestade
Ele existe para
te oferecer conforto, Ele está lá para te manter aquecido
E naqueles
tempos de dificuldade quando você está sozinho,
A lembrança do
amor vai te trazer para casa
Talvez o amor
seja como uma janela, Talvez uma porta aberta,
Ele te convida
para chegar mais perto, Ele quer te mostrar mais
E mesmo se você
perder a si mesmo e não souber o que fazer,
A lembrança do
amor vai te acompanhar
O amor para
alguns é como uma nuvem, Para alguns tão forte como o aço
Para alguns um
modo de vida, para alguns um modo de sentir.
E alguns dizem
que o amor está persistindo E alguns dizem que está desistindo
E alguns dizem
que o amor é tudo E alguns dizem que não sabem...
Talvez o amor
seja como o oceano, Repleto de conflito, repleto de dor
Como uma chama
quando está frio lá fora, Um trovão quando chove.
Se eu viver
eternamente E todos os meus sonhos tornarem-se realidade,
Minhas
lembranças do amor serão sobre você...
E alguns dizem
que o amor está persistindo E alguns dizem que está desistindo
E alguns dizem
que o amor é tudo E alguns dizem que não sabem
Talvez o amor
seja como o oceano, Repleto de conflito, repleto de dor
Como uma chama
quando está frio lá fora, Um trovão quando chove.
Se eu viver
eternamente E todos os meus sonhos tornarem-se realidade,
Minhas
lembranças do amor serão sobre você...
A
participante que trouxe a letra da música falou:
´´eu li essa
música que gosto muito e quis trazer porque esse grupo transpira amor, cada um
se mostra do jeito que é. Para mim as lembranças de amor e acolhimento são
daqui´´
Foi falado de se sentir em casa...
´´Quando as pessoas estão compartilhando
sinceramente a vida a gente se sente perto, familiarizado....se sente em casa´´
E
foi assim mesmo que aconteceu duas participantes que estavam ali pela primeira
vez disseram como estavam se sentindo a vontade, bem ali...se sentindo em
casa...
Foi falado de alegria, de carnaval...
´´Eu fui no sábado em um ensaio de um bloco de
carnaval e me emocionou ver tanta gente ali junto reunido por um único
motivo... de estar alegre... é emocionante ver como a gente vibra a ponto de
convencer os outros a viver e vibrar junto.´´
Seguindo
a fala outra participante
´´nossa você me ajudou a ganhar meu
carnaval... eu estava desanimada por que não ia viajar mas agora não...vou
aproveitar meu carnaval´´
E foi falado o que estava planejado para não
ser dito...
´´eu não ia falar nada hoje, não estou bem,
mas escutando vocês falarem eu vou contar que peguei um ônibus, estava triste,
mal, querendo sumir... e um senhor deixou uns papéis com um lembrete...eu nem
peguei, nem queria ler... então a mulher do meu lado que havia pegado me
estendeu a mão e disse – toma, fica pra você, por que eu já li...e aquilo me
ajudou tanto...´´
E também foi falado de dor...
Uma
participante relembra de um outro grupo em que falou da sua dor de ter perdido um irmão, e nos conta
emocionada como esses encontros nos grupos a ajudaram a viver aquela dor e diz
´´nem tudo que é precioso é só BOM...”
Seguiu-se
o comentário:
“...O sofrimento é positivo quando nos abre
para a realidade´´
Então...
...O
grupo começou para mim com um encontro com uma pessoa, até então desconhecida e
com seus sentimentos. Ao longo de uma hora e meia, passando por vários e vários
encontros, trocas e sentimentos...
...O
grupo terminou para mim com ... um
encontro comigo e com os meus sentimentos!!!
Eu
pude sentir e chorar.... depois que vivi ali com todos... os diversos
sentimentos.
E
termino com duas frases que foram faladas em algum momento do grupo:
´´O que acho mais fantástico é nossa
capacidade de enxergar... A cada momento a gente vê e vive de uma maneira diferente´´
´´A gente vê a realidade ajudado pelo jeito
que os outros vêem a realidade.´´
Maria Fernanda F. Diniz
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Hoje
nosso grupo começou meio tímido, com poucas músicas, poucas poesias. Nesse
momento pensei: “Nossa, hoje esse grupo não vai pra frente...”
O grupo foi caminhando e quase como se tivesse vida própria,
de repente, me surpreendeu, se transformando num dos grupos mais lindos...
O
grupo começou com uma música que descrevia o amor como um lugar seguro. A
participante então apontou o grupo como esse lugar seguro, um lugar de amor. Em
seguida outra participante falou sobre a poesia encontrada num calendário velho
jogado no chão. Nesse momento, alguém falou sobre a importância dessa
capacidade de olhar o calendário velho de uma maneira que torna possível
encantar-se com ele a ponto de levá-lo para o grupo. Tocada por essa fala, uma
participante muda de atitude e lê o poema que não era para ser lido: “Eu não
trouxe ele pra ler aqui, mas quando te ouvi fiquei com vontade de ler”.
Comenta-se
sobre essa vontade que surge de fazer parte, sobre essa sensação de que é
possível fazer parte, sobre essa familiaridade que o grupo é capaz de
proporcionar. E que talvez isso seja possível porque estamos ali compartilhando
nossas experiências humanas e emoções. Nesse momento pensei que é justamente
isto, que é possível se sentir próximo porque ali é possível realmente o
sentir, porque ali há espaço para o amor. Lembrei de um quadro que minha mãe
tinha quando eu era criança, no qual estava escrito” Sinto-me um pouco em casa
lá onde alguém me sorri”. Lembro que todos os dias eu lia essa frase sem
entender claramente por que. Finalmente achei o porque, como era bom me
certificar que era possível diante de um gesto de amor, de um sorriso passar a
se sentir parte, passar a se sentir acompanhado.
O
grupo continuou e essa sensação de que ali podia-se estar acompanhado diante
das mais diversas emoções permeava o grupo. Uma participante contou sobre um
dia em que estava triste e desamparada olhando uma árvore, e de repente um
sabiá laranjeira pousou naquela árvore: “foi como se eu tivesse sido transportada
para cá por aquele sabiá laranjeira e eu não me senti mais sozinha”. Comenta-se
sobre esse poder do grupo de abrir uma passagem através da qual é possível um
novo olhar: “pra quem esteve no grupo do ano passado e ouviu a história do
sabiá, nunca mais um sabiá laranjeira será visto do mesmo modo”.
Um
participante conta sobre sua alegria em assistir ao ensaio do bloco de carnaval
“Os Alegrões” e ver tanta gente reunida em torno de um propósito, ficar alegres
juntos. Ao ouvir isto pensei: “Meu carnaval esta salvo, estava ali a minha
passagem pra conseguir um novo olhar, a partir daquele simples relato”. Eu
então disse pra o grupo como eu vinha frustrada por não ter dinheiro pra uma
viagem de carnaval, mas naquele momento a frustração foi embora porque percebi
que pra ter carnaval basta juntar alegria...
Uma
participante fala do grupo como um lugar onde foi cuidada. Numa época em que
tudo estava negro e parecia impossível achar uma experiência preciosa pra
compartilhar, o grupo ensinou o que era realmente precioso. Ela nos fala de
como ela era grata por isso. Olho em volta e vejo olhos brilhando com lágrimas,
me percebo arrepiada e me pergunto porque...
Outra
participante o mesmo sentimento de gratidão lembra como o grupo recebeu sua
imensa dor diante da perda de seu irmão: “Só aqui eu podia ser eu com
toda aquela dor”. Era impossível não se emocionar...
Ressalta-se
o grupo como espaço pra alegria e ao mesmo tempo pra tão imensa dor, pro
sorriso e pras lágrimas, pra tudo que nos move, que nos torna vivos.
O
grupo chega ao fim... Mas volto correndo pra casa e com muita empolgação acordo
minha irmã dizendo “levanta e vamos comprar a espuma e serpentina... vamos
montar um bloco com toda a família e ter um ótimo carnaval”. Ela me responde:
“você enlouqueceu”. Eu então disse “não, eu só to viva”. Ela continua dizendo:
“isso não vai dar certo, minha mãe nunca pulou carnaval”. Minha mãe se aproxima
e diz “depois de velha vou inventar isto”. A discussão continua, eu continuo a
falar sobre a emoção de um grupo que se reúne em torno da alegria e em alguns
minutos ouço minha irmã dizer “eu vou querer uma peruca azul”, em seguida minha
mãe completa “já escolhi um shortinho pra usar”. Nem sei se esse bloco sai, mas
nesses minutinhos vi a vida acontecer, assim como vi no grupo. Acho que isto é
que me encantada no grupo, que me arrepia... essa transformação que se amplia,
essa capacidade de sentir junto e carregar isto aprendendo com a experiência de
pessoas tão diferentes.
Josiane
CaetanoFontes
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O
grupo nesse dia começa com o esclarecimento sobre o objetivo de estarmos ali,
iremos encontrar as pessoas atentamente porque “a vida está acontecendo, a gente queira ou não”. Em seguida nos
lançamos em um bate-papo, com alguns participantes que escolhemos, sob a
perspectiva de perceber a importância contida em uma conversa.
O
coordenador nos questiona: “Por que quem
chega aqui pela primeira vez pode se sentir em casa?” E acrescenta:
“Quando as pessoas estão compartilhando sinceramente o que acontece em suas
vidas, isso nos ajuda a ter familiaridade, nos sentimos perto, próximos, em
casa, mesmo estando junto com pessoas que a gente nem conhece.” Somos
convidados, então, ao segundo exercício, compartilhar fotos, filmes, frases,
músicas, qualquer coisa que alguém encontre e ache especial, “pode ser até uma piada, ela pode ser valiosa
se nos acorda para a possibilidade de sorrir”.
A
primeira a participar distribui a todos um papel com a tradução de uma música
dos anos 80 que sempre gostou, mas somente naquela semana conheceu a tradução e
ficou muito surpresa com a letra. Um dos versos da música fala sobre se sentir
em casa e ela comenta: “Nós chegamos aqui
por via do sofrimento, meio torta, mas depois nos sentimos bem, ficamos felizes
de saber que temos o grupo. Pra mim o que o torna assim é o amor. Aprendi a
expandir isso aqui, dar e receber amor”.
Outra
participante traz um texto que tinha lido certa vez no mural de um hospital e
achou muito bonito, mas ficou com vergonha de pedir. Só que tempos depois ela
foi achar o mesmo texto em sua casa. Comenta-se: “De tudo o que o que as pessoas trazem o que eu acho mais fantástico é
a nossa capacidade de enxergar, quantas pessoas passam pelos murais dos
hospitais e não conseguem enxergar”. Somos, então, encorajados a ficar
acordados ao que pode estar passando por nossas vidas, nos colocamos diante da
possibilidade de redescobrir as pessoas e as coisas, juntos.
Outra
pessoa começa dizendo que ia ficar “quietinha”naquele grupo, mas que não
poderia deixar de falar. Ela nos conta, então, de uma ocasião em que estando
muito mal, em depressão profunda, decidiu deixar a sua cidade, mas no caminho
um homem subiu no ônibus em que estava e distribuiu uma mensagem que ela guarda
até hoje. Ela lê para todos com emoção e comenta, “Aquele homem que entrou no ônibus, não foi por acaso. Eu estava
precisando desse abraço”. “Eu nem
trouxe pra falar aqui, trouxe pra enviar por celular que eu não sei e as meninas
iam me ajudar. Mas... essa mensagem foi importante pra mim. Até eu vou xerocar
e dar no outro encontro.”
O
coordenador comenta que o trabalho que estamos realizando, nos faz perceber que
não buscamos ali coisas excepcionais, mas algo que tenha valor para cada um, as
coisas simples. Logo, passamos para outro exercício onde compartilhamos os
acontecimentos da nossa vida, os momentos em que percebemos que nossa vida está
acontecendo.
Um
participante começa a nos contar com entusiasmo e detalhes sobre
a experiência de ter participado de um bloco de carnaval. “É muito bonito ver tantas pessoas juntas pelo mesmo motivo que é
estar alegre.”. Em outro momento comenta: “Quando
estamos empolgados a gente vibra a ponto de convencer tanta gente a estar
junto”.
Em seguida uma das participantes descreve um
momento de chateação em que tinha acabado de brigar com o filho e enquanto o
aguardava na aula de equitação vê um sabiá laranjeira e se lembra de um antigo
relato de outra participante do grupo sobre aquele sabiá o que a deixa muito
feliz e a conforta. Essa fala inspira outras duas pessoas presentes a
comentarem, emocionadas, o quanto a experiência de estar no grupo as havia
auxiliado a perceber as coisas preciosas da vida nos momentos mais difíceis e o
quanto isso possibilitou o crescimento pessoal: “Eu vi a vida acontecendo, eu me tornando, vindo aqui, o quanto eu
transpus, o passo que eu dei no sentido de ser.”.
Ao
final uma síntese: “As
coisas preciosas na nossa vida sempre estão acontecendo, o que precisamos é de
ajuda para olhar, perceber e estar junto é o método. Nós nunca
começamos o grupo com uma dúvida: Será que está acontecendo algo? Sempre está
acontecendo!”. O coordenador nos fala sobre começarmos a ver a realidade,
ajudados pelo jeito que o outro a vê e isso se confirma mais uma vez ao final
do grupo quando uma das participantes comenta que o depoimento sobre o carnaval
mudou a sua visão e que por isso não ficaria mais sozinha em casa e iria
visitar seus familiares, pois tinha entendido que o sentido do carnaval é “estar junto e ficar alegre”.
O
grupo nesse dia tem muitas outras contribuições sinceras e emocionantes, sendo
que ao final pudemos nos despedir, mesmo dos que chegaram pela primeira vez,
entusiasmados e nos “sentindo em casa”...
Marília
Hormanez
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